quarta-feira, 6 de abril de 2011

Avaliação Pós-Ocupação:

Conjunto Habitacional: Jardim Sucupira

Pesquisa de avaliação pós-ocupação sobre qualidade estética e funcional e urbanística dos espaços habitacionais públicos e de moradias de interesse social da cidade de Uberlândia.

O Jardim Sucupira é um bairro da periferia de Uberlândia e se encontra na Zona Leste da Cidade, onde ocorrem duas modalidades de arrendamento da parcela do solo cedida ao uso: o Conjunto Habitacional, com construções subsidiadas por projetos municipais ou estaduais, ou seja, pelo poder público, e o Loteamento convencional. O bairro Jardim Sucupira faz parte da porção de bairros da Zona Leste que se encontram próximos às BR's – 050 e 465. Para esse estudo foi avaliado uma pequena parte do Bairro, o Jardim Sucupira, inserido num local com inúmeros conjuntos habitacionais finalizados há pouco tempo, muitos sem os fechamentos por muros entre os lotes, com casas prontas, porém já parcialmente depredadas, vizinhos do presídio “Jacy de Assis”, margeado pela BR-465 e pelo bairro são Francisco, outro humilde conjunto habitacional, que enfrenta problemas semelhantes.

As moradias desse conjunto ficam situadas em apenas em uma das faces do quarteirão, na Rua da Barba-timão. Fazendo uma breve colocação sobre a disposição do conjunto em relação ao seu entorno, nota-se a falta de preocupação e planejamento nesses tipos de empreendimento, comuns em áreas pouco habitadas, deixando nesses espaços uma infra-estrutura pobre, relegada parcialmente de serviços de saneamento e urbanização como escoamento pluvial adequado, falta de arborização, disposição dos lotes não aproveitando eficientemente o terreno, e a constituição de uma malha xadrez e “retalhos” das ruas, gerando problemas de transito como velocidade excessiva e cruzamentos perigosos. Recentemente, os conjuntos próximos ao Jardim Sucupira – São Francisco, Joana D'arc e Celebridade, tiveram seus assentamentos legalizados pela prefeitura municipal, fato que vai levar algumas melhorias para a região, e talvez até para os conjuntos próximos, assim como a área analisada.

O Humilde conjunto habitacional abriga 18 residências, entregues há quase dois anos pela COHAB, mas neste curto espaço de tempo, quase que todas as unidades já sofreram alterações, sendo, portanto, objeto deste estudo ou avaliação de pós-ocupação. Apesar desta região ser alta, proporcionando um relevante conforto térmico, e por ter poucas barreiras contra o vento, há aspectos negativos, causados justamente pela ausência de barreiras contra o vento, como o som do transito e do próprio deslocamento do ar. A arborização se dá precariamente por meio de arbustos ou árvores de pequeno porte, o que poderia servir de “filtro” para partículas em suspensão, e o sombreamento das árvores que seria importante para os períodos de grande calor, mesmo numa região bem ventilada como aquela. Uma melhor arborização também poderia servir de barreira acústica, e se fossem dispostas árvores, ao longo da divisa do bairro com a rodovia, a redução da poluição sonora seria ótima para as casas mais próximas à BR.

Ainda sobre a área em questão e algumas de suas características físicas, já é sabido que aquela é uma região alta de Uberlândia, com topografia praticamente plana, com baixa declividade em sua maioria, o que ocasionalmente gera problemas relativos ao escoamento de águas, sendo uma região de divisa topográfica entre as bacias do rio Araguari e Uberabinha. Já que nenhuma uma medida preventiva eficiente foi tomada antes, na questão do escoamento pluvial, uma solução seria direcionar o escoamento das águas, para algum manancial próximo, como a bacia do Uberabinha. Outra medida poderia ser a construção de piscinões, mais econômicos, porém não plenamente eficientes, pois a inexistência de galerias pluviais, para o escoamento da água para outros reservatórios, rapidamente elevam estes piscinões ao nível máximo de água. Sabe-se que é uma região onde ocorrem alguns alagamentos e inundações decorrentes de chuvas e pelos motivos expostos.

Já que estes assentamentos foram legalizados pela prefeitura, há especulações otimistas por parte dos moradores, mas que se concretizarão, caso haja interesse real por parte do poder público. Não houve nenhuma preocupação relevante quanto à estética para as construções, levando-se em conta que na própria concepção da moradia popular, reduziram-se os custos para a construção, oferecendo apenas o básico e sem o fechamento com muros entre as casas, item primordial para qualquer morador dali. Com uma planta pobre em pensamento espacial, tanto de organização, quanto de funcionalidade dos ambientes, constituindo-se de sala, cozinha, banheiro e dois quartos, com área de 36m², o mínimo exigido para tal tipologia, poderia ter sido melhor aproveitada, caso houvesse a preocupação com o conforto e o bem-estar, já que os problemas de moradia andam juntos com a ignorância de uma política de habitação e de consciência social adequada. Se não fossem envolvidos tantos interesses políticos, com grande falta de consciência social, os resultados poderiam ser muito mais benéficos a longo prazo, para os políticos, mas principalmente para os moradores destas casas.

O local conta com infra-estrutura básica insuficiente para atender as necessidades de subsistência dessas famílias. O espaço não conta com equipamentos públicos, tais como estruturas de lazer, centros comunitários próximos. Oi muito citado pelos moradores o desejo de espaços públicos como praças, quadras poliesportivas, posto policial e principalmente postos de saúde.

Os moradores, apesar das muitas criticas que fizeram de suas casas, mostraram-se satisfeitos com o simples fato de que aquelas são suas propriedades de papel passado. Todas as residências sofreram modificações por iniciativa dos proprietários, buscando dar mais comodidade, aproveitando vários tipos de materiais, como restos de revestimentos cerâmicos e madeiras usadas, edificando geralmente, coberturas no espaço compreendido entre a casa e o muro lateral, aumentando consideravelmente a área destes imóveis.

A boa vontade da população, aliada a boas ações públicas voltadas para o crescimento sustentável deveriam ser sempre prioridade. Mas isso nem sempre acontece, dado os problemas de nossas políticas sociais. A cidade tende a crescer bastante para a região leste, exemplo disso é o residencial Jardim Novo Mundo, nas proximidades do Jardim Sucupira, na margem oposta à BR, mais um dentre vários empreendimentos recorrentes, mas que tendem a alavancar a região. O crescimento dessa área, trazendo consigo, maiores investimentos para a região, proporcionando aos moradores destes conjuntos habitacionais, uma melhor qualidade nos serviços e equipamentos de lazer do bairro, aumentará consideravelmente o sentimento de dignidade e cidadania de cada um destes moradores.

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