quarta-feira, 6 de abril de 2011

Estudo dos Módulos:



Compreendendo a Forma:

"Triângulos, círculos, retas, curvas e espirais são ‘imagens conceituais’, que se reconvertem em fenômenos na medida em que são mostradas naquele tamanho, naquela cor, naquele ponto do quadro, naquela relação com os outros signos. Assim, uma linguagem geral ou comum, social, volta a ser individual e específica.” (KANDINSKY)

Dentro do estudo da forma dos módulos da Habitação Social, com base nas teorias de Kandinsky, pode -ser perceber a ascensão das idéias através da criação de um simples módulo em forma geométrica:

1º - Triângulo Equilátero
Problemática: a forma geométrica exige ângulos que formam uma tensão deixando o módulo e consequentemente o ambiente " pesado".
2º - Junção dos Módulos dos Triângulos
Problemática: quando há a criação da forma e das idéais não se pode ficar preso ao ponto de partida pelo qual se iniciou essa contrução de pensamento, precisa-se ousar nas experiências, considerando sempre " O que pode ser " e não apenas ficar preso no que " Era antes".
3º - Nova Forma: Observa-se que não é mais uma Junção de Triângulos, e sim um Conjunto, uma nova geometria, um Hexágono. Percebe-se que em sua evolução fica evidente a questão dos ângulos e do que eles podem beneficiar o projeto. Este módulo consiste em um forma quase semelhante ao circulo, este que não possui ângulos e consequentemente não carrega toda a tensão.


O hexágono ao mesmo tempo que se permite constituir espaços que aproveitem toda a sua área, permite também uma sensação de ambiente mais suave e harmonioso.

Kandinsky:

Pintor, de origem Russa iniciou sua carreira aos 30 anos. Compensou o começo tardio com um entusiasmo inigualável. Sua pintura é capaz de “vibrar a alma” apenas com a força das cores, sem a necessidade de conter objetos reconhecíveis. Em meio a instabilidade política da época precisou conviver com a intolerância do regime socialista e da Alemanha Nazista para defender sua pintura. Pesquisador incansável, dotou sua obra de uma originalidade nuca isenta de idealismo.

O abstracionismo, inaugurado por Kandinsky por volta de 1910, tem como pressuposto básico a realização de uma arte independente do mundo externo e da realidade visível, ou seja, uma obra composta apenas por elementos puros, como as formas, as linhas e as cores. Também chamado de "arte abstrata", este movimento se desenvolveu em várias vertentes, até passar a ser o traço predominante de toda a produção artística realizada ao longo do século 20.

Os abstracionistas radicalizaram uma tendência típica das principais vanguardas artísticas do final do século 19 e início do século 20. Desde a invenção da fotografia, o impressionismo havia buscado novas formas de representar o mundo, distanciando-se da mera reprodução "fiel" e "imutável" dos objetos. Os impressionistas procuravam captar as impressões visuais provocadas por estes mesmos objetos em determinado momento, impressões fugidias, que poderiam variar de acordo com a luz, por exemplo. Com a eliminação dos contornos, o impressionismo produziu pinturas em que a luminosidade – e não as pessoas ou as coisas – era o principal tema do quadro.

Os pós-impressionistas e expressionistas, por sua vez, libertaram a cor e a linha de suas funções meramente representativas, exagerando propositalmente as formas, para expressar a prevalência da emoção do artista sobre o mundo real. Os cubistas, a seu modo, também romperam com a idéia da arte como imitação da natureza, ao abandonar as noções tradicionais de perspectiva e volume, retratando os objetos de vários pontos de vista simultâneos, decompostos em figuras geométricas.

Em Do espiritual na arte, o artista afirma que “Um triângulo dividido em partes desiguais, a menor e a mais aguda no ápice, representa esquemática, mas suficientemente bem a vida espiritual.”, desse modo, ao colocar lado a lado na Composição VIII (figura acima) triângulos e círculos, o artista cria tensões diferentes, pois provocando tensões e movimentos ilusórios e imprecisos. A soma destas tensões desejadas e ordenadas cria o que o artista chama de Composição, cuja finalidade é a expressão de uma sonoridade total.

Esta Composição apresenta também elementos de formas abstratas, o ponto e a linha. O ponto é considerado a menor forma, o vínculo entre o silêncio e o verbo. Segundo Kandinsky, as linhas horizontais teriam como resultado de um movimento a calma fria e as linhas verticais, calma quente. As linhas diagonais, que são inúmeras nesta composição, estão relacionadas à linha horizontal e à vertical, reunindo as duas calmas, as tensões das duas linhas. As linhas horizontais teriam ainda ligação ao terrestre, ao mundo uniforme, devido a sua característica de nivelamento, enquanto a linha vertical estaria ligada ao divino, unidade divina. O encontro das duas (o ângulo reto dos triângulos) seria então o encontro do divino com o terrestre sem se interpenetrarem.



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